30 de dezembro de 2022

Galpão de fogos que explodiu em Parnamirim não tinha alvará dos bombeiros


O galpão atingido por um incêndio na tarde da quarta-feira (28) no bairro de Passagem de Areia, em Parnamirim, não tinha alvará do Corpo de Bombeiros Militar (CBMRN) para funcionar como local de armazenamento para fogos de artifício, segundo informou à TRIBUNA DO NORTE a assessoria de imprensa da corporação. No episódio, cinco pessoas ficaram feridas e foram levadas ao Hospital Walfredo Gurgel, em Natal – uma delas morreu. O material armazenado seria entregue pela Campina Shows Pirotécnicos à Prefeitura de Parnamirim para o Réveillon da cidade.

O Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Norte informou que um laudo será emitido pela corporação a partir de perícia feita pelo Instituto Técnico-Científico de Perícia (Itep) para auxiliar nas investigações, que estão a cargo da 17ª DP de Parnamirim. De acordo com o CBMRN, o local não era apropriado para armazenar os fogos de artifício por não possuir alvará de funcionamento ou Auto de Vistoria (AVCB) da corporação. A TN apurou também que não há nenhum licenciamento na Junta Comercial do Estado (Jucern) para o armazenamento dos fogos no galpão.

Para o funcionamento adequado do local, além da regularização, com a emissão do alvará emitido pelos bombeiros, os artefatos, de acordo com o CBMRN, precisam conter um selo do Inmetro. “Sem nenhum tipo de alvará, a estrutura, que ficou toda danificada, foi considerada irregular”, afirmou a corporação. Segundo o Itep, no final da manhã desta quinta-feira (29), uma equipe do órgão foi ao local do incêndio para vistorias, mas ainda não há previsão para a conclusão da perícia.

A Prefeitura de Parnamirim alegou que não tinha conhecimento do funcionamento galpão. “O que podemos informar é que não tínhamos conhecimento sobre a existência de um depósito da Campina Shows Pirotécnicos dentro do Município de Parnamirim, tendo em vista que a empresa por nós contratada tem endereço cadastrado na cidade de  Campina Grande (PB)”, afirmou a Fundação Parnamirim de Cultura (Funpac), órgão municipal responsável pelo contrato.

A reportagem não conseguiu contato com a empresa, a qual afirmou, em nota, ainda noite de quarta-feira, que acompanhava, através do departamento Jurídico, “todas as etapas para debelar as chamas e acompanhar os procedimentos elucidativos”. A empresa disse ainda que “todas as medidas cabíveis de socorro foram tomadas” e que estava prestando todo apoio aos funcionários que estavam no local.

Uma das cinco pessoas atingidas no incêndio teve mais de 90% do corpo queimado e morreu na manhã desta quinta-feira, segundo informações da Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap). “Mesmo com todos os esforços e depois de passar por cirurgias, não resistiu”, disse a pasta. Até o início da noite de ontem a vítima ainda não havia sido identificada, de acordo com a Sesap. Outra pessoa está internada na UTI do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel em estado grave (com queimaduras acima dos 90% de extensão corporal).

As demais vítimas tiveram queimaduras mais leves e estão em situação estável. A Secretaria informou que os três continuam internados em observação no Centro de Queimados do hospital, com uma equipe composta por sete cirurgiões plásticos e diversos outros profissionais. Segundo informações, o incêndio começou por volta 14h30 de quarta-feira. Com o acendimento dos fogos de artifício, os explosivos destruíram o teto do local e tiveram a efetivação do efeito pirotécnico no ar.

O aposentado Alcimar Nogueira, de 65 anos, mora perto do local. Ele contou que estava dormindo quando um barulho contínuo de explosões  começou. “Acordei com o barulho dos fogos de artifício. Pensei até que o prédio estava caindo”, relatou o homem. Alcimar contou que barulho durou cerca de 30 minutos, com mais intensidade nos primeiros quinze.

Os bombeiros foram acionados e houve a mobilização de seis viaturas para o local. Ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) também foram ao galpão para socorrer as vítimas. De acordo com o aposentado Alcimar Nogueira, além dos fogos de artifício, o espaço armazenava outros materiais.

Tribuna do Norte

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