Juíza do TRT-RN apresenta pesquisa sobre trabalho escravo em seminário na Escócia

Um caso envolvendo o trabalho escravo moderno no Brasil foi apresentado pela juíza Aline Fabiana Campos Pereira, da 9ª Vara do Vara de Trabalho de Natal, durante a 41ª Conferência Internacional do Processo do Trabalho, promovido pela University of Strathclyde Business School, em Glasgow, na Escócia.

A Conferência Internacional do Processo do Trabalho deste ano reuniu pesquisadores de 49 países  para refletir sobre o tema “Trabalho Justo e Decente em uma Economia Global”.

O estudo apresentado pela juíza – “Vozes dos sobreviventes da escravidão moderna e o combate no trabalho escravo: estudo de caso na Comunidade Lucas, em Baião/PA” – é parte de sua pesquisa de doutorado e revela uma face cruel do trabalho escravo moderno.

O caso da Comunidade Lucas repercutiu nacionalmente, em 2022, quando 55 pessoas foram resgatadas do local após denúncias de trabalho escravo e de uso de métodos de disciplina e controle.

“Essa é uma comunidade isolada, comandada por um grupo religioso, onde existiam casos de exploração e tortura dos trabalhadores, abusos sexuais e casamentos forçados entre os membros da seita”, detalha Aline Fabiana.

Em fevereiro deste ano, a vara da Justiça Federal de Tucuruí, no sudeste do Pará, condenou cinco membros da comunidade religiosa.
Três dos réus, líderes da comunidade, devem cumprir 29 anos e nove meses de reclusão, além de terem que pagar multa diária de R$ 316, pelos crimes de trabalho escravo, tortura e associação criminosa,  envolvendo até menores de idade como vítimas.