28 de fevereiro de 2023

Sons do adeus: Manassés, cantor, compositor e jornalista Potiguar faleceu na última segunda-feira (27)


Um dos arquitetos da MPB potiguar, com atuação desde a década de 80 em Natal, o cantor e compositor Manassés da Silva Campos, ou simplesmente Manassés, faleceu na madrugada da última segunda-feira (27), aos 61 anos. O músico estava em casa, onde se recuperava de uma cirurgia cardíaca. Manassés também era jornalista de formação, e trabalhava há mais de 30 anos no Tribunal Regional do Trabalho do RN. Mas sua grande paixão estava na música, onde foi reconhecido pelo domínio técnico, criatividade, bom gosto, e sensibilidade.

Manassés se destacou inicialmente pela atuação em diversos festivais de música pela cidade. Começou a se interessar por MPB aos 12 anos, ouvindo “Milagre dos Peixes”, de Milton Nascimento. Em 1978 já tinha uma considerável coleção de discos, que ia de Caetano Veloso e Ivan Lins, até Rush, Kiss e Black Sabbath. Manassés já declarou várias vezes que o Clube da Esquina era uma de suas maiores influências.

Após participar de vários festivais escolares de música desde 1978, Manassés emplacou em 1987 com a música “Upstairs”, no Festival da UFRN, uma parceria com Edinho Queiroz. Chegou a tocar em bares, como o Boca da Noite. Foi uma experiência para se aperfeiçoar, mas como preferia tocar suas próprias composições, procurou outras vias para mostrar seu talento. Entrou na Escola de Música da UFRN para estudar violão clássico e explorar todas as possibilidades do instrumento.

Despontou em seguida como integrante do Grupo TRAMPPO, sigla para ‘Trabalho Articulado de Música Popular Potiguar’. Esse projeto também era formado pelos bambas Sueldo Soaress, Romildo Soares, Leão Neto e Antônio Ronaldo, entre outros. A banda chegou a reunir  um público pagante de 1.300 pessoas em um show histórico na Vila de Ponta Negra.

O primeiro registro fonográfico de Manassés veio em 1987, no álbum “Pra Você”. Em 1989, lançou o disco “Nós” (com a participação de Edinho Queiroz).  Esse trabalho obteve boa repercussão, e levou o potiguar a se apresentar em outras cidades, como João Pessoa, Fortaleza e Maceió. Em 2005 veio o CD “Varal do Tempo”. A composição “A lua, o amor e o mar” teve uma boa projeção, tendo sido regravada por outros músicos, como a norte-americana Kate Bentley, e a carioca Cláudia Amorim.

Desde então, Manassés participou de vários eventos e muitas produções, tendo atuado no Projeto Seis Meia, inclusive abrindo shows e fazendo participações em apresentações de Tânia Alves e Cláudio Nucci, entre outros. Segundo a nota de pesar emitida pelo TRT, o músico estava se preparando para lançar um novo trabalho em 2023. Apesar da atuação como servidor público desde 1992, ele nunca deixou de compôr, tocar, e fazer música.

Manassés Campos atuou em diversos setores e foi responsável por implementar a TV-21, do qual foi apresentador e editor, além de ter participado de comissões nacionais para implantação da Comunicação Pública Trabalhista. Nos últimos anos, atuou na Ouvidoria do Tribunal Regional do Trabalho do RN e em 2023 retornou à Ascom. Era também um apaixonado torcedor do ABC Futebol Clube.

Tribuna do Norte

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