09 de março de 2020

RN leva título de maior delegação do Nordeste na Conferência da Mulher Advogada


Escolhida como a maior delegação do Nordeste, em número proporcional, a representação do Rio Grande do Norte participou intensamente de toda programação da III Conferência Nacional da Mulher Advogada, realizada nesta quinta (5) e sexta-feira (6), no Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza. O evento contou com quase 3 mil advogadas e advogados de todo país, que se reuniram para debater as principais bandeiras do universo feminino frente aos desafios da advocacia contemporânea. O presidente da Seccional Potiguar, Aldo Medeiros, a vice-presidente, Rossana Fonseca, a secretária-geral adjunta e corregedora, Milena Gama e as presidentes das Subseções, Bárbara  Paloma (Mossoró), Lidiana Dias (Pau dos Ferros), Danielle Diniz (Assú), Alana Almeida (Goianinha) e Thaiza Lenna (Currais Novos, por delegação durante a Conferência) acompanharam as advogadas potiguares nas atividades e palestras.

Durante os dois dias de Conferência foram realizados 13 painéis, mesas redondas, workshops, apresentação de projetos das Comissões de Mulheres Advogadas das Seccionais, Stand da CONCAD (com a prestação de serviços de bem-estar, beleza e saúde) e Palestra Magna com presença da conselheira federal e medalha Rui Barbosa, Cleá Carpi, e da ex-presidente da Ordem dos Advogados de Paris, Marie-Aymée Peyron. As duas destacaram a força da luta das mulheres e as conquistas históricas já alcançadas no Brasil e também na França.

O presidente da OAB Nacional, Felipe Santa Cruz, afirmou na abertura que recusar a igualdade de direitos às advogadas é negar justiça à metade da advocacia brasileira, ressaltando ainda que a Ordem, em hipótese alguma, assumirá lugar de silêncio, conforto ou cumplicidade com a injustiça e o machismo na sociedade. “Temos muito o que refletir sobre a luta das mulheres advogadas e das mulheres em nossa sociedade. Até quando a advocacia brasileira conviverá com uma rotina de homicídio de mulheres dentro de casa, com a violência contra a mulher, com a violência na sociedade, onde o discurso da própria violência parece estar ganhando do discurso da Constituição, da lei e da paz. Não podemos achar normal uma sociedade onde a jornalista mulher é chamada de prostituta, onde a artista mulher é ofendida por pensar diferente da maioria, onde a advogada tem saia medida, onde advogada é algemada”, disse Santa Cruz.

Na ocasião, o anfitrião e presidente da OAB-CE, Erinaldo Dantas, agradeceu por todo empenho da organização, bem como salientou a relevância dos trabalhos femininos presentes na Conferência. Durante seu discurso, ele quebrou o protocolo e passou os trabalhos para a vice-presidente da Ordem Alencarina, Vládia Feitosa.

Em discurso, Vládia Feitosa, salientou a importância de discutir as problemáticas que envolvem o universo feminino, bem como a relevância da Ordem em manter-se sempre à postos para prestar o devido auxílio às mulheres sempre quando for necessário. “Em tempos de retrocesso das políticas nacionais voltadas para a mulher, é fundamental que se assimile que a igualdade de gênero é a base para todas as demais igualdades. Nesse cenário, a OAB deverá ficar vigilante e combatente a quaisquer ameaças ou violações que se avizinhem aos direitos humanos, em especial no que concerne à igualdade de gênero. Bom como se colocar no papel de agente transformadora pela valorização e inclusão de mais mulheres na instituição ocupando cargos de liderança, e no papel de defensora das prerrogativas das advogadas. Finalizo na esperança de que sejamos pontes a unir caminhos, ideias e ideais, na busca pela liberdade, igualdade e sororidade femininas”, enfatizou Vládia Feitosa.

 

Já a presidente da Comissão Nacional da Mulher Advogada da OAB, Daniela Borges, ressaltou que as pautas debatidas no   evento vão além do universo da advocacia feminina. “É um debate que interessa à sociedade. Hoje nós, mulheres, já somos quase 50% dos inscritos nos quadros da Ordem dos Advogados do Brasil. Enfrentamos desafios e dificuldades muito peculiares em razão da nossa condição de mulher. Então é muito importante que possamos discutir essas particularidades e, atrelado a elas, o que vem de complexo neste cenário para a mulher”, aponta Borges.

A presidente da comissão reforça, ainda, que é imprescindível que mulheres e homens se engajem no debate para caminhar rumo à mudança de algumas estatísticas. “Há uma desigualdade de gênero nas profissões e na sociedade, pois o Brasil é o quinto país do mundo em número de feminicídios. É necessário e urgente mudar isso”.

Entre tantos momentos marcantes, alguns se destacam ainda mais. Presente à Conferência, Maria da Penha foi homenageada com uma placa de reconhecimento pelos serviços prestados ao universo feminino. Ela motivou a lei 11.340/2006 que criou mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher. Também foi entregue à diretoria da OAB Nacional uma carta elaborada por juristas negras solicitando a elaboração de um plano de ações afirmativas da advocacia negra.

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