13 de setembro de 2021

Ministério da Defesa gasta 83,5% do seu orçamento com pessoal


A cada R$ 10 despendidos pelo Ministério da Defesa, R$ 8,35 destinam-se a gastos com pessoal. O órgão, que abarca todas as Forças Armadas, somou uma despesa de R$ 110,8 bilhões em 2020. Desse total, R$ 92,4 bilhões foram para a folha de pagamento, o que representa 83,5% do total.

A destinação da maioria dos recursos para salários e pensões mostra como as Forças Armadas brasileiras focam mais em pessoal do que em tecnologia e estrutura. Além disso, dentro dos R$ 92,4 bilhões gastos com pessoal, apenas R$ 38,2 bilhões vão para o pessoal na ativa, tanto militares quanto civis. Isso representa 41,3% do total. Assim, a maioria dos gastos de pessoal de Exército, Marinha e Aeronáutica (58,7%) vai para aposentados e pensionistas.

(M)Dados, núcleo de análise de grande volume de informações do Metrópoles, obteve os valores desembolsados em gastos com pessoal em 2020 no Siga Brasil, ferramenta mantida pelo Senado Federal que permite a consulta aos valores lançados no Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) do governo federal.

O gráfico a seguir mostra quanto foi efetivamente pago pelo Ministério da Defesa em 2020 para as 20 maiores ações orçamentárias.

“O Brasil é país pacífico, distante de zonas de conflito e das principais potencias mundiais, e tem tradição de pacifismo nas relações internacionais. O orçamento federal é pequeno. Por tudo isso, eu acho que não se justifica a existência de Forças Armadas muito grande, e a gente tem a 15ª maior Força do mundo”, avalia o professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB) Juliano da Silva Cortinhas.

“Nossas Forças Armadas continuam sendo desenhadas para lutar guerras de invasão ao território. Essas guerras são muito improváveis”, prossegue. Para Cortinhas, “os cenários principais que as Forças Armadas poderiam atuar são de alta tecnologia, como ataques cibernéticos, uso de drones etc. Nós não estamos nos capacitando para isso, pelo contrário”, apontou.

Os órgãos que costumam ter o maior percentual de seus gastos com pessoal são os do Judiciário e do Legislativo, já que suas atividades envolvem principalmente pessoas, e não investimento. O Ministério da Defesa é o terceiro colocado, quando se leva em conta apenas o Executivo. A pasta federal fica atrás apenas da Controladoria-Geral da União (CGU) e da Advocacia-Geral da União (AGU).

“A grande questão é a seguinte: as Forças Armadas desenvolveram planos de modernização de seu equipamento para 20 anos, mas não desenvolveram planos para pessoal. Ao contrário, elas falam constantemente em aumentar seu contingente. É o contrário do caminho a seguir. Os maiores países do mundo estão diminuindo. A gente precisa fazer redução drástica em tamanho de pessoal”, conclui o professor. Procurado, o Ministério da Defesa não respondeu até o fechamento desta edição. O espaço segue aberto para manifestações.

Metrópoles

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