05 de março de 2021

Com pandemia, pobreza na América Latina atinge maior nível em 12 anos


A pandemia intensificou em 2020 a pobreza na América Latina, que deve alcançar 33,7% da população da região. É o maior nível desde 2008. O dado faz parte de estudo da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), divulgado nessa 5ª feira (4.mar.2021). Leia a íntegra (3,5 MB).

De acordo com projeção da Cepal, havia em 2020 o total de 209 milhões de pessoas vivendo em situação de pobreza, 22 milhões a mais que no ano anterior. A extrema pobreza atinge 12,5% da população, o que corresponde a 78 milhões de pessoas, ou 8 milhões a mais que em 2019.

O estudo indica que a pobreza é maior nas áreas rurais, entre crianças e adolescentes; indígenas e afrodescendentes; e entre a população com indicadores educacionais mais baixos.

DESEMPREGO NA AMÉRICA LATINA

A América Latina teve taxa média de desocupação de 10,7% em 2020, segundo o estudo. O valor representa alta de 2,6 p.p. em relação a 2019. Segundo a pesquisa, o desemprego aumentou com “disparidades agudas de gênero no trabalho”.

O percentual médio de desemprego na região é mais baixo que o do Brasil, onde 13,9% não tinham emprego ao fim de 2020, de acordo com os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

[A pandemia] ampliou a divisão sexual injusta do trabalho e a organização social do cuidado com o retrocesso de uma década na inclusão laboral das mulheres e com um impacto desigual entre informais e jovens”, diz o documento.

O desemprego entre os latino-americanos é maior para a população rural do que para a urbana, segundo a Cepal. O estudo também demonstra que mais de 30% das mulheres pobres não participam do mercado de trabalho por razões familiares.

“A presença de crianças nas casas, especialmente nas mais pobres, intensifica a sobrecarga de trabalhos de cuidados para as mulheres”, diz o documento.

Ainda de acordo com o levantamento da Cepal, o PIB da América Latina teve queda de 7,7%, com o fechamento de 2,7 milhões de empresas em 2020. O PIB brasileiro registrou recuo de 4,1% no ano, de acordo com os dados oficiais.

PROTEÇÃO SOCIAL

O levantamento aponta que o aumento dos níveis de pobreza e de pobreza extrema seria ainda maior sem as medidas de renda emergencial.

As medidas atingiram 49,4% da população, aproximadamente 84 milhões de domicílios, ou 326 milhões de pessoas. Sem essas medidas, a incidência da extrema pobreza teria atingido 15,8% e a pobreza, 37,2% da população.

Os governos da região implementaram 263 medidas de proteção social de emergência em 2020. Foram US$ 86 bilhões gastos, o equivalente a 1,25% do PIB da América Latina e Caribe.

“No entanto, os valores das transferências monetárias não têm sido suficientes para cobrir as necessidades básicas. As transferências de emergência têm contribuído para abrandar a deterioração do pobreza, mas não para contê-la completamente”, diz o relatório.

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