07 de dezembro de 2022

52% dos negócios de impacto no RN têm dificuldade de obter recursos de fomento


No Rio Grande do Norte, as atividades que levam soluções para problemas enfrentados pelas comunidades ou que lançam alternativas para questões ambientais têm, predominantemente, a visão, a perspicácia e o poder de articulação feminina. Do total de empreendimentos caracterizados como de impacto socioambiental do estado, 68% são comandados por mulheres e o chamado ‘sexo frágil’ está presente atuando em 76% desses negócios. E mais, a receita mensal média em 56% dos empreendimentos, cuja lógica envolve rentabilidade associada à melhoria realidade do coletivo, não ultrapassa de R$ 50 mil.Os resultados do levantamento foram apresentados em evento realizado na sede do Sebrae-RN, em Natal (Fotos: Moraes Neto)

Isso é o que revela um levantamento inédito feito pelo Sebrae no Rio Grande do Norte para identificar o potencial no estado de projetos e iniciativas dessa natureza que precisam ser acelerados e amparados por políticas públicas e de suporte ao desenvolvimento. O Mapeamento dos Negócios de Impacto Socioambiental do RN realizou, ao longo do segundo semestre deste ano, um minucioso diagnóstico do segmento em todo o território do estado, traçando um perfil completo dessas empresas, dimensionando as características mais relevantes, para mensurar a evolução desse ecossistema de negócios na esfera estadual.

Os dados indicam que há espaço para a expansão de mercados para as esferas regionais e nacionais, assim como a forte presença de negócios socioambientais que atuam em segmentos, como meio ambiente e sustentabilidade, agricultura sustentável e resíduos.

A pesquisa recebeu inscrições de 163 iniciativas para compor o estudo. Desse total 115 foram classificadas como de impacto, a metade situada na região metropolitana de Natal e os demais distribuídos nos demais municípios do interior do estado. Segundo o relatório, esses negócios abarcam fatia de minorias da população, entre negros, mulheres, LGBTQIP+, povos tradicionais ou originários e pessoas com deficiência. Esse público só não está presente na direção ou em atuação em apenas uma faixa que vai de 16% a 18% dos negócios pesquisados.

Perfil

Metade das iniciativas emprega até três pessoas e 36%, de quatro a dez trabalhadores. A escolaridade também é marca característica dos negócios de impacto no RN. 21% dos envolvidos possuem o Ensino Médio completo e 27% têm nível superior, dos quais 19% têm pós-graduação. Do total, 47% são do sexo masculino e 2% não binário. A maioria (13%) desenvolve ações nas áreas ambiental e de sustentabilidade. Outra parcela atua no turismo e agricultura sustentável, promovendo soluções com serviços (56%) e com produtos (31%).

Para 74% dos empreendimentos avaliados, ainda persiste a necessidade de melhoria na área de marketing para que o negócio avance. Já 52% deles entendem que enfrentam dificuldades para obter recursos de fomento às atividades.

Para Mona Paula, o mapeamento pode servir para nortear políticas públicas para o segmento e atrair investidores nesse tipo de atuação

“A intenção desse mapeamento é também sensibilizar empreendedores e investidores no sentido de inserir mais empresas no guarda-chuva dos negócios de impacto, que têm uma atuação fundamental para o desenvolvimento local. Além disso, o estudo é essencial para a criação de uma base de empreendedores que compõe o ecossistema no Rio Grande do Norte”, pontua a gestora do Projeto de Negócios de Impacto Socioambiental do Sebrae-RN, Mona Paula Nóbrega.

Apresentação

O relatório do Mapeamento dos Negócios de Impacto Socioambiental do RN foi apresentado na última sexta-feira (2), na sede do Sebrae-RN, em Natal. Participaram do evento, convidados, empreendedores dos projetos pesquisados, diretores, gerentes e técnicos do Sebrae-RN. Dirigindo-se ao público segmentado, o diretor técnico da instituição, João Hélio Cavalcanti, considerou que o trabalho realizado nessa área de impacto socioambiental carrega um significado, que vai além de executar uma atividade geradora de renda e, soma-se a essa condição a melhoria da qualidade de vida de outras pessoas.João Hélio acredita que essas atividades melhoram a vida de pessoas e da comunidade

“Esse trabalho é fonte de inspiração e tudo o que é feito com esses grupos impactados reflete e reverbera em todo o RN e em outros estados. Isso nos orgulha muito, ver que a nossa contribuição, assim como a de outras instituições que apoiam esses projetos, está fazendo diferença na vida das pessoas por meio da atuação desses empreendedores”, assentiu o diretor João Hélio.

Durante a abertura do evento, foi apresentado um compacto do Auto de Natal com o elenco do Projeto AMAR, da Associação Abrigo de Maria, que há 9 anos assiste crianças e adolescentes da Vila de Ponta Negra, em situação de vulnerabilidade social. A instituição é dirigida por Gorete Valentin e integra as entidades selecionadas pelo Programa de Pré-aceleração de Impacto Social.

Aceleração

Além de manter um projeto de apoio, suporte e estímulo aos negócios de impacto socioambiental, o Sebrae-RN também promove iniciativas de fomento ao fortalecimento desse tipo de empreendimento. É o caso do Programa de Pré-Aceleração do Sebraelab, cuja quarta edição, neste ano, foi voltado para empresas de base tecnológica com soluções inovadoras, na área socioambiental com impacto positivo na sociedade ou no meio ambiente, alinhadas à Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) ou aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Quinze projetos foram selecionados e cada um recebeu um aporte de R$ 15 mil como prêmio, além de participar de maratona de capacitações, orientações e mentorias ofertadas no Sebraelab. O programa tem dois grandes diferenciais. Primeiro, o suporte financeiro como capital semente para que as iniciativas possam alavancar ou se inserir na base tecnológica ou digital, escalando esses negócios em curto tempo. E segundo, mentorias e consultorias especializadas.

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