20 de janeiro de 2021

Pandemia: efeito na saúde mental de crianças e jovens poderá prolongar-se


Novo normal. Rotinas, prioridades. Muita coisa mudou na vida de crianças e jovens desde março de 2020 e todas as restrições e alterações que enfrentaram vão ter consequências na sua vida futura.

A pandemia mudou rotinas, prioridades e tornou as crianças e os adolescentes mais dependentes das tecnologias. Contudo, entre a quase ausência de atividades desportivas e o fim de convívios entre pares, há “aspetos positivos a retirar” destes meses de “novo normal”.

Crianças e adolescentes mais individualistas, com menos atividade desportiva e um maior uso de novas tecnologias são algumas das consequências dos períodos de isolamento social dos últimos meses. Segundo o pedopsiquiatra Nuno Pangaio, “será difícil pedir às crianças que voltem a sentir-se espontâneas e brinquem umas com as outras sem restrições ou medos depois do que lhes estamos a pedir agora”.

“Os relacionamentos já vêm numa dinâmica de mudança bastante pronunciada. Penso que esse processo tenderá a acelerar bastante com estes anos de pandemia no sentido de maior individualismo em detrimento do grupo e da comunidade”, diz o especialista, quando questionado sobre a possibilidade de mudanças comportamentais a longo prazo.

Segundo um estudo da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (em Portugal), inserido no programa de prevenção de comportamentos suicidários em meio escolar Mais Contigo, relativo ao ano letivo 2019-2020, 20% das crianças e dos adolescentes têm, pelo menos, uma perturbação mental.

No nosso país, quase 31% dos jovens têm sintomas depressivos, a maioria moderados ou graves. O cenário poderá ter-se agravado com o período de quarentena e o isolamento social.

“O isolamento é sempre uma contingência nefasta. Pode, em circunstâncias específicas, adiar a resolução de problemas contextuais, mas o isolamento frequente ou persistente é algo que tende sempre a prejudicar a saúde mental das crianças”, sublinha Nuno Pangaio.

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