29 de setembro de 2021

‘O 7 de Setembro foi um teste e as instituições venceram’, diz Barroso


O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, atual presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), foi o convidado da segunda edição do Amarelas On Air, novo programa de entrevistas de VEJA.

Integrante do STF desde 2013, indicado pela ex-presidente Dilma Rousseff, Barroso virou um dos alvos do presidente Jair Bolsonaro na crise que trava com o tribunal. À frente do TSE, o ministro tornou-se um dos principais defensores do sistema eleitoral brasileiro e da segurança da urna eletrônica.

Barroso comentou o recente recuo de Bolsonaro, que abrandou o discurso contra o sistema eleitoral. “Torço para que seja uma conversão real, sincera”, afirmou. “Mas o melhor senhor dos fatos é o tempo”, ponderou. Sobre o embate com o presidente, ainda afirmou: “Ele é um líder. Se ele usa um vocabulário chulo, se destila ódio, as pessoas se surpreendem com isso. (…) Eu escolhi para a minha vida ser diferente disso, não sou como eles. Você não pode aderir ao mal para enfrentar o mal.”

Sobre as manifestações pró-Bolsonaro do 7 de Setembro, o ministro afirmou que houve o ‘temor de que viesse alguma coisa muito ruim’. “Não veio. E isso foi o sepultamento das veleidades golpistas. Se o presidente tinha ou não essa veleidade, fica para os analistas políticos. Mas muita gente participou disso”, disse. “O 7 de Setembro foi um teste e as instituições venceram”, completou.

O ministro afirmou que teve receio de ruptura democrática em três momentos: a manifestação no QG do Exército pelo fechamento do STF, o desfile de tanques pela praça dos Três Poderes e os atos do 7 de Setembro.

Barroso também disse que o STF errou na questão da prisão em segunda instância. “Eu acho que o Supremo frustrou uma legítima demanda da sociedade brasileira contra a impunidade. Mas eu perdi e tenho que respeitar a posição dos outros”. Ele ainda minimizou a discussão que teve com Gilmar Mendes, em que ele chamou o colega de “uma pessoa horrível” e diz que desde que passou a integrar o STF deve ter tido cerca de três discussões com ministros: “Até em casamento você tem mais que isso”.

Sobre a PGR, Barroso defende que o Procurador-Geral não possa ser reconduzido e nem indicado a outro cargo ou posição pelo presidente: “Isso faz mal à instituição PGR”. Ele também disse que não defende, no momento, mudança sobre a possibilidade de reeleição para cargos políticos.

O ministro comentou ainda os casos de pessoas presas por disseminar fake news. “Temos que combater a mentira deliberada para proteger a liberdade de expressão”.

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