26 de janeiro de 2024

Biólogos alertam para desova de tartarugas em praias urbanas


Maior berçário natural do Atlântico Sul da tartaruga-de-pente, o litoral do Rio Grande do Norte deve receber até junho a desova dos animais marinhos e especialistas fazem um alerta para a proteção da espécie, criticamente ameaçada de extinção. Isso porque as tartarugas estão desovando atipicamente em praias urbanas muito movimentadas, como Areia Preta, Pirangi e Ponta Negra, de acordo com a ONG Tartarugas ao Mar, projeto ligado à Associação de Proteção e Conservação Ambiental Cabo de São Roque.


A preocupação é para que o ciclo de reprodução da espécie não seja interrompido. A bióloga Isadora Natália explica que as tartarugas se concentram em trechos de praias que têm pouco movimento, o que não impede a desova em praias mais urbanas. “Elas preferem, por exemplo, Búzios, que tem muito movimento, mas tem um trecho que elas escolhem desovar bastante”, diz. A principal área de desova, o Cabo de São Roque, em Maxaranguape, é uma região que não tem casas e não possui iluminação, assim como trechos da praia de Muriú, que abriga muitos ninhos.


“No entanto, todo nosso litoral é uma área de desova. Por isso é muito importante ter esse monitoramento e contar com o apoio da população. Acaba que a gente não sabe o número exato de ninhos, a gente pode ver um ou dois, mas pode ter mais. Não sabemos se o animal está nascendo, se o pessoal está pisoteando o ninho e os filhotes não conseguem nascer”, detalha Isadora Natália, coordenadora do Tartarugas ao Mar, que também é mestre em ciências ambientais.


De acordo com Isadora, a desova considerada “atípica” pelos humanos não é incomum para a espécie. As tartarugas costumam desovar nos mesmos locais em que nascem e como esse tipo de animal inicia a vida reprodutiva após os 25 anos de idade, é provável que estas tartarugas, que estão desovando nas praias urbanas, tenham nascido nestes mesmos locais há décadas, quando as praias não tinham o movimento e a urbanização que possuem hoje.


“Tudo na tartaruga é muito tardio, tudo demora muito. Os filhotes que estão nascendo hoje, que nós estamos liberando em segurança, a gente espera que as fêmeas retornem daqui a 30 anos para começar suas vidas reprodutivas. Diferente dos humanos, as tartarugas só iniciam a vida reprodutiva depois dos 25 anos, então a gente tem animais desovando com 70 anos, 80 anos, por exemplo”, explica a especialista.


A orientação dos ambientalistas é para não se aproximar ao notar a desova das tartarugas em uma praia urbana. “Pode observar de longe, sem movimento e sem barulho, mas principalmente sem luz”, diz.

Recentemente, um vídeo no qual uma tartaruga sai do mar para a desova na praia de Areia Preta circulou nas redes sociais. No entanto, os flashes das câmeras assustaram o animal, que retornou ao mar para buscar outro local. A ONG disponibiliza o telefone (84) 99859-0506 e o Instagram @apccabodesaoroque para comunicar informações sobre desovas ou aparecimento de ninhos.

Tribuna do Norte

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *