28 de julho de 2017

Senado registra recorde de participação popular no primeiro semestre


A participação popular no Portal e-Cidadania do Senado Federal aumentou significativamente em 2017. Somente no primeiro semestre, mais de 8.600 cidadãos já haviam apresentado quase 11.800 sugestões de propostas legislativas à Casa. O número de participações já é próximo ao somatório dos cinco anos anteriores desde o surgimento do Portal, em maio de 2012. Desse ano até 2016, 8.842 pessoas apresentaram 11.973 ideias legislativas.

O  e-Cidadania é um instrumento de interatividade criado para aproximar a população da elaboração das leis. O processo para apresentar uma ideia é simples: basta preencher um formulário disponível no portal, que não exige conhecimento de técnica legislativa.

Games, homofobia e fim de privilégios parlamentares

Depois de apresentada, a proposta passa por uma avaliação técnica para verificar se fere alguma cláusula pétrea da Constituição ou fere os termos de uso do portal. As propostas têm o prazo de quatro meses para receber o apoio de 20 mil outros internautas. Aquelas que atingem esse número são encaminhadas para a Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), onde serão formalizadas como sugestões legislativas, debatidas pelos senadores e receberão parecer pela sua transformação ou não em projeto de lei ou outro tipo de matéria legislativa.

Para a senadora Regina Sousa (PT-PI), presidente da CDH, o e-Cidadania agilizou a apresentação de projetos de lei pela população.

— A gente tinha a participação daquela maneira que colhe assinaturas, a emenda popular. Mas era muito difícil alcançar o número de assinaturas, dava muito trabalho para conferir na Câmara [dos Deputados]. Então são poucas as ações que derivaram de ação popular. Esse canal do Senado é muito mais simples porque usa a internet — disse.

Até o momento, são 40 ideias que conquistaram as 20 mil adesões e nove que já receberam parecer na CDH. Entre as ideias mais populares que tramitam na comissão, estão a de reduzir os impostos sobre games dos atuais 72% para 9% (mais de 75 mil apoios), da criminalização da homofobia para punição de pessoas que atacam outras pessoas por sua opção sexual (mais de 55 mil apoios) e a do fim da aposentadoria especial para senadores e deputados (mais de 43 mil apoios).

A ideia legislativa com maior número de apoios (mais de 183 mil) é a que prevê o fim do auxílio moradia para deputados, juízes e senadores. A proposta está aguardando envio à CDH.

Julgamento de políticos por júri popular

Vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos e relator de diversas sugestões que tramitam no colegiado, o senador Paulo Paim (PT-RS) destacou que a participação popular é imprescindível e fez um apelo a todos os brasileiros para que participem ativamente do processo legislativo.

— Um projeto que vem embasado na participação popular já vem com um conteúdo sólido, fica até mais fácil para nós construirmos a defesa dele e fazer com que avance — disse.

O julgamento dos políticos por júri popular foi uma das ideias de iniciativa popular destacada por Paim como um caminho para se fazer a democracia direta da população. Transformada em SUG 23/2017, a matéria recebeu mais de 20 mil apoios e aguarda relatório na CDH.

O senador também destacou como fundamentais as iniciativas que defendem os direitos humanos visando combater qualquer tipo de violência ou discriminação.

Funk

A ideia de criminalizar o funk, transformada na sugestão 17/2017, não é a que tem mais apoio, mas foi a que mais teve repercussão, sendo abordada inclusive no programa “Fantástico” da Rede Globo.

Sugerida pelo empresário Marcelo Alonso, a proposta quer enquadrar o funk como “crime de saúde pública à criança, aos adolescentes e à família”. Na CDH, a matéria vai ser relatada pelo senador Romário (PSB-RJ), que solicitou uma audiência pública para discutir a questão. Romário quer trazer para o debate no Senado o autor da proposta, compositores e cantores de funk, além de antropólogos que estudam o gênero musical.

Sabatina Alexandre Moraes

Além do envio de sugestões para que uma ideia vire lei, pelo portal e-Cidadania também é possível participar com perguntas em audiências públicas, sabatinas e outros eventos.

Até a terceira semana de julho, 227 eventos interativos foram realizados pelo Senado. Pelo portal, o internauta pode enviar seus questionamentos, que são encaminhados diretamente para o presidente da comissão para que sejam feitos no decorrer das reuniões. As perguntas também podem ser feitas por ligação gratuita para o Alô Senado (0800 612211). No primeiro semestre deste ano, foram registradas 907 participações pelo canal telefônico.

Ainda no mesmo período, quase 5 mil cidadãos participaram de eventos interativos e essa participação contabilizou mais de 8,8 mil comentários aos debates nas comissões. A sabatina do ministro do STF Alexandre de Moraes, em fevereiro deste ano, foi recorde, com 1.674 participações. O recorde anterior era de 1.270 participações, quando a CDH debateu, em abril de 2016, a sugestão de regular a interrupção voluntária da gravidez pelo Sistema Único de Saúde (SUG 15/2014).

O portal permite ainda que o cidadão opine sobre matérias que tramitam no Senado. Este ano, mais de 4 mil proposições receberam opiniões dos internautas. Cerca de 1,7 milhão de cidadãos opinou, contabilizando mais 2,5 milhões de votos.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *