15 de julho de 2021

Mãe de Daniel Silveira envia carta a Moraes e pede soltura do filho


A mãe do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) enviou uma carta ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes solicitando a soltura do congressista. O documento foi encaminhado ao magistrado pela defesa de Silveira nesta 4ª feira (14.jul.2021) na ação penal que mandou o bolsonarista de volta à prisão por violações ao uso da tornozeleira eletrônica.

A carta é assinada por Matildes da Silva Silveira e datada de 11 de julho. Segundo ela, o deputado foi criado com “muito amor, carinho e educação“, mas agiu com emoção ao publicar vídeos com ataques aos ministros do STF e apologias ao AI-5 (Ato Institucional número 5), o mais duro da ditadura militar. O post levou Silveira à prisão pela 1ª vez em fevereiro deste ano.

A falta de urbanidade, o desrespeito e deselegância que ele se dirigiu aos ministros desta corte não condiz com os ensinamentos familiares que foram passados a ele. Me sinto envergonhada, mas afirmo que não se repetirá, pois me encarregarei pessoalmente de cuidar deste assunto“, escreveu Matildes ao ministro.

Na carta, a mãe de Silveira afirmou que não busca a absolvição do filho, mas a possibilidade dele responder em liberdade e pede ao ministro que avalie o seu pedido “com o coração”.

Acredito veementemente que ele já entendeu que errou, pois conheço meu filho como a palma de minha mão e peço ao senhor ministro que venha a se despir da figura de juiz e leia esta carta como um filho e também como pai, que acaba sendo um pouco de ‘mãe’”, escreveu.

Ao encaminhar o documento a Moraes, a defesa de Silveira afirmou que o congressista não é um criminoso, mas um “humano que errou e reconhece seu erro”. Os advogados solicitam a realização de uma audiência com o deputado.

Daniel Silveira foi preso pela 1ª vez em fevereiro após divulgar vídeo com ataques a ministros do STF e apologia ao AI-5. Em março, passou ao regime domiciliar, mas retornou à prisão no mês passado por deixar de pagar R$ 100 mil de fiança por violações ao uso da tornozeleira eletrônica.

Na decisão que mandou Silveira de volta à prisão, Alexandre de Moraes escreveu que o deputado “desrespeitou inúmeras vezes as medidas restritivas” estabelecidas com o uso da tornozeleira. O ministro afirmou que o congressista manteve “seu total desrespeito à Justiça” mesmo após ser multado pelas violações.

Eis a íntegra da carta:

Petropolis, 11 de julho de 2021

Senhor ministro Alexandre de Moraes, através desta carta venho primeiramente pedir desculpas pelas palavras de meu filho Daniel Lúcio da Silveira. Reconheço que aquela atitude foi digna de repúdio e em nada contribui para um debate democrático e respeitoso, especialmente ao Supremo Tribunal Federal (STF) que é a última barreira entre a justiça e a injustiça e que a sociedade espera muito desta instituição para que sempre cumpra seu pesado papel de julgar da forma correta e justa.

Apesar de ter criado o Daniel com dificuldades, dediquei muito amor, carinho e educação, mas existem momentos em que todos agem pela emoção, um sentimento traidor que até a mim já traiu e nos faz cometer atos falhos, e por isso, peço perdão. A falta de urbanidade, o desrespeito e deselegância que ele se dirigiu aos ministros desta corte não condiz com os ensinamentos familiares que foram passados a ele.

Me sinto envergonhada, mas afirmo que não se repetirá, pois me encarregarei pessoalmente de cuidar deste assunto.

Sei que Vossa Excelência se move pela Justiça balizada pela Constituição e as leis e por isso ocupa o cargo que fora escolhido.

Movido por um sentimento de momento, o meu filho agiu de forma emocionada, mas pondera que se tivesse dormido uma noite, ele não teria feito.

As emoções são traidoras e nos fazem fugir a razão, ministro.

Com o sentimento de mãe, venho esclarecer quem é o meu filho, um homem bom, pai de família, humano e portanto, falho, mas longe, muito longe de ser um criminoso. Não busco aqui absolvição pelos atos equivocados, mas sim que ele possa ter a chance de responder em liberdade para que assim como ele tem me ajudado até aqui financeiramente possa também voltar a me auxiliar nas atividades domésticas, pois sou uma idosa viúva que já perdeu um filho jovem em morte prematura e que tem no Daniel a base para tudo, meu porto seguro, e tenho sofrido muito com toda essa situação, me colocando em uma situação análoga à perda de mais um filho.

Ministro, se não por ele, peço por mim, uma mãe que ama seu filho, analise meu pedido com o coração.

Digo ao senhor, ministro, que por muitas vezes já fui o “tribunal” a julgar meu filho, pois assim é o trabalho de uma mãe, educar e corrigir falhas, mostrar o melhor caminho para o convívio em sociedade.

Já o perdoei por suas travessuras na infância e na adolescência, mas jamais passei panos quentes nas falhas cometidas, por isso resolvi escrever esta carta a Vossa Excelência.

Acredito veementemente que ele já entendeu que errou, pois conheço meu filho como a palma de minha mão e peço ao senhor ministro que venha a se despir da figura de juiz e leia esta carta como um filho e também como pai, que acaba sendo um pouco de “mãe”.

Meu filho perdeu o aniversário de sua pequena filha de cinco anos preso em março, está preso neste mês de julho e sua filha mais velha, minha neta, completará 20 anos dia 15 de julho e eu farei aniversário dia 24 de julho e gostaria de tê-lo perto de mim.

Termino por aqui esta carta na esperança de que chegue ao senhor e o encontre bem e que possamos um dia, quem sabe, tomar um café pessoalmente para uma conversa sobre dias melhores.

Muito obrigada por vossa atenção.
Cordialmente,

Matildes da Silva Silveira.

Poder360

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