13 de janeiro de 2021

Entenda como é feito o cálculo que concluiu que a CoronaVac tem 50,38% de eficácia contra a Covid-19


O anúncio feito pelo Instituto Butantan, do governo de São Paulo, de que a CoronaVac tem eficácia global de 50,38% contra a Covid-19 agradou especialistas em saúde pública, que aprovaram o resultado e pediram que a vacina entre em uso no Brasil assim que for aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A taxa superou os 50% recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para o registro de um imunizante. Entenda como é feito este cálculo.

Durante a fase três do estudo de eficácia da CoronaVac feito no Brasil pelo Instituto Butantan, 252 voluntários se infectaram: 85 no grupo que tomou a vacina e 167 entre os que receberam um placebo (substância que não gera efeitos no organismo). A eficácia global, de forma simplificada, é a diferença entre a taxa de infecção daqueles que foram vacinados e contraíram o novo coronavírus e os que ficaram doentes e não receberam a vacina.

A taxa global é menor do que o índice anunciado na semana passada (78%) porque inclui casos muito leves de coronavírus: pessoas que se infectaram, mas ficaram assintomáticas ou não precisaram ser hospitalizadas. Para quadros moderados e graves — com hospitalização, inclusive em UTI —, a eficácia da vacina foi de 100%, ou seja, nenhum voluntário que recebeu a fórmula precisou ser internado nem houve mortes.

O Ministério da Saúde, que assinou contrato com o Butantan para comprar doses da CoronaVac, ainda não definiu a data de início da vacinação no país. De acordo com o resultado dos testes promovidos com voluntários, a vacina é altamente capaz de proteger contra formas graves da Covid-19 e de controlar a pandemia.

Médicos e cientistas destacaram a segurança do imunizante e defenderam o início da sua aplicação assim que ele for aprovado. A Anvisa anunciou nesta terça-feira (12) que responderá neste domingo (17) tanto ao pedido de uso emergencial da CoronaVac feito pelo Butantan e quanto ao da fórmula de AstraZeneca/Oxford, encaminhado pela Fiocruz.

— Nós temos uma boa vacina (a CoronaVac), que tem a sua eficácia dentro dos limites do aceitável pela comunidade científica e da OMS. É uma vacina que foi testada dentro de um rigor de testes clínicos, é um estudo limpo, claro — ressaltou Natalia Pasternak, microbiologista e presidente do Instituto Questão de Ciência (IQC), que completou: — Eu quero essa vacina (CoronaVac), quero que os meus pais tomem essa vacina. Ela é possível e adequada para o Brasil, compatível com a nossa capacidade de produção local, de armazenamento e cadeia de distribuição. Uma vacina só é boa quando tem capacidade de ter uma cobertura vacinal mais completa.

Segundo Marco Aurélio Safadi, presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, os dados apresentados pelo Instituto Butantan sobre a eficácia da CoronaVac são “absolutamente similares” aos de vacinas contra outras doenças existentes hoje no Brasil:

— A vacina de rotavírus tinha eficácia de 80% para mortes e hospitalizações, e de 40% a 50% para prevenir diarreia. A da coqueluche, utilizada há décadas, também é muito similar, previne com muita eficiência formas graves da doença. A da gripe, que apresenta eficácia menor do que essa (CoronaVac), também propiciou impactos substanciais.

Além de Safadi e Pasternak, estiveram presentes à divulgação do governo nomes como Renato Kfouri, pediatra e diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Alex Precioso, diretor do Centro de Segurança Clínica e Gestão de Risco do Butantan, e Ricardo Palácios, diretor médico de Pesquisa Clínica do Butantan.

— Nenhum voluntário vacinado precisou de hospitalização. O dado geral cumpre as exigências da OMS, a vacina tinha que ter menor eficácia nos casos mais leves e maior nos casos graves. Temos uma vacina que consegue controlar a pandemia, que é a diminuição da intensidade da doença clínica — explicou Palácios.

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