04 de abril de 2016

Defesa de Dilma diz que abertura de impeachment é ‘golpe de Estado’


A defesa escrita da presidente Dilma Rousseff na Comissão de Impeachment, de 201 páginas, faz duros ataques aos opositores e diz que a aceitação da abertura desse processo vai se caracterizar como um “golpe de Estado”. O documento, assinado pelo ministro da Advocacia Geral da União (AGU), José Eduardo Cardozo, diz que esse “golpe” não será dado em “quartéis e na calada da noite”, mas, durante o dia, sob a luz do sol e com transmissão ao vivo pelas redes de comunicação. A defesa da presidente classifica o movimento do impeachment como um revanchismo eleitoral e fruto da intolerância, do prejulgamento e do desrespeito a adversários políticos.

“A hipótese de aceitação destas denúncias, sem nenhum embasamento constitucional, qualificarão indiscutivelmente uma verdadeira ruptura com a nossa ordem jurídica democraticamente estabelecida. Será um verdadeiro e indisfarçado golpe de Estado. Uma tal ruptura constitucional será imperdoável aos olhos da vocação democrática atual do nosso país, da opinião pública internacional e da nossa própria história” – diz a defesa de Dilma.

“Hoje, os golpes não são mais urdidos em quartéis na calada da noite. A realidade dos dias atuais e os valores dominantes não mais permitem. Nos dias atuais, os golpes são igualmente violentos, mas acabam sendo fundados uma retórica democrática discursiva vazia e destituída de qualquer conteúdo real. São engendrados sob a luz do sol, com transmissão ao vivo pelas redes de comunicação e com informações online, transmitidas pelas mídias sociais. Tudo com a aparência da mais absoluta legitimidade. Hoje, não mais usam armas letais para a derrubada à força de um governo legitimamente eleitos. Tais ações estão fora de época. Hoje, para os golpes de Estados, usam-se apenas as mãos para que sejam rasgadas, com elegância e discrição, páginas das constituições sobre as quais foram afirmadas a existência do estado democrático de direito”.

O texto chama a decisão de Cunha de abrir o impeachment de uma decisão “ilegal e viciada”, e com claro e notório desvio de poder.

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