23 de dezembro de 2016

Carta de Ney Lopes, ao filho Ney Lopes Jr, diplomado vereador por Natal


Parabéns, meu filho.

Você está eleito vereador em Natal, com a ajuda de Deus, da família, dos amigos dedicados e de quem acreditou nos seus propósitos.

Começa na política, subindo o primeiro degrau.

Percorremos juntos a íngreme estrada da vida.

Como disse Ghandi, a alegria não está na vitória propriamente dita, mas na luta, na tentativa e no sofrimento envolvidos.

Foi difícil (quase impossível) voltar à Câmara Municipal de Natal, após a derrota em 2012, quando não conseguiu reeleger-se vereador.

Naquela ocasião você sofreu a má vontade e a traição velada do seu próprio partido, à época o DEM, no qual fui fundador e ajudei a crescer anos e anos.

Foi muito duro viver aquele momento adverso.

Repetiu-se contra mim o enfrentamento permanente com a conspiração da inveja e da má vontade, pelo simples fato de ter ideias próprias e defende-las. sem nunca deixar de ser leal.

Você sofreu as consequências, sem ter culpa.

Por essas razões, agora no seu retorno à Câmara Municipal de Natal, , recordei o provérbio chinês que aconselha “procurarmos acender uma vela em vez de amaldiçoar a escuridão”.

Em família, sempre agimos assim.

Agradeço muito ao povo do RN o que alcancei na vida pública e poderei, ainda, alcançar.

Costumo dizer que a minha vida pública é a prova de que Deus existe.

Foi muito difícil ser deputado federal seis vezes, vice prefeito de Natal, suplente de senador, Presidente do Parlamento Latino Americano, presidente de várias comissões no Congresso Nacional, relator de matérias decisivas para o futuro da nação.

O RN é ainda uma “fazenda política” e romper os grilhões era quase impossível.

Mas venci e você também.

A união do nosso núcleo familiar foi sempre decisiva.

Você tem o meu nome e herda uma vida pública limpa, coerente e responsável.

Agradeço a Deus essa Graça.

Esteve sempre ao meu lado, participando da atividade política e conhecendo de perto as dificuldades de um homem público.

Aprendeu muito, porém, o conhecimento é infinito.

Cada dia é um novo aprendizado.

O conselho que lhe dou é transformar a política num sacerdócio.

Principalmente, no momento brasileiro atual, em que as pessoas não suportam mais serem enganadas na sua boa fé e se generaliza a desconfiança com os políticos.

Nunca decepcione quem acreditou em você.

Jamais seja ingrato com quem lhe ajudou de boa fé.

A ingratidão é a perversão do caráter.

Canoniza o “ego” doentio, ao desconhecer, isolar, desconhecer e humilhar o outro, que no passado estendeu a mão da solidariedade, em momento difícil e decisivo.

Assuma posições claras, mesmo correndo o risco de ser incompreendido.

Não busque agradar a todos.

Seja coerente e honesto consigo mesmo.

Como no texto de Victor Hugo, busque descobrir a existência de “oprimidos, injustiçados e infelizes à sua volta”.

Lembre-se da advertência conduzida pelo escravo, que segurava a coroa de louros sobre a cabeça do general romano vitorioso:

“Não te esqueças que és humano”.

Eu e a sua mãe sempre mostramos a você e a suas irmãs – Karla e Aninha – o valor da virtude da humildade, que inspira a força moral, indispensável ao sucesso.

Ao vê-lo entrar vitorioso na vida pública tenho a sensação daquela cena da Ilíada, o primeiro grande épico de Homero, em que o troiano Heitor, ao deixar a cidade para combater os gregos, olhou firmemente o seu filho e pediu aos deuses que “algum dia os troianos dissessem dele: é melhor do que o pai”.

Que Deus o abençoe!

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