27 de janeiro de 2016

Brasil despenca sete posições em ranking global da corrupção


O Brasil caiu sete posições no ranking global da corrupção produzido pela ONG Transparência Internacional e divulgado nesta quarta-feira (27). Na 69ª colocação em 2014, o país aparece em 2015 na 76ª, a maior queda entre todas as 168 nações pesquisadas.

As economias emergentes seguem lutando para eliminar a corrupção, diz a organização em seu informe anual, destacando que no Brasil houve um aumento da percepção de corrupção após o escândalo da Lava Jato.

“Não é de se surpreender que o Brasil, em meio ao maior escândalo de corrupção de sua história no caso Petrobras, tenha sido o país da América que mais caiu no índice este ano”, diz o relatório.

A ONG, que realiza anualmente o estudo que mede a percepção do fenômeno da corrupção, destacou que tanto na América Latina como em outras regiões houve significativo avanço nas investigações e na punição de pessoas que, há apenas 12 meses, pareciam intocáveis.

De acordo com a organização, o Brasil se encontra, ao lado de Espanha, Líbia, Austrália e Turquia, entre os países que tiveram maior queda em suas posições nos últimos quatro anos, enquanto Grécia, Senegal e o Reino Unido são os que mostraram as melhorias mais substanciais.

Os países latino-americanos menos corruptos, segundo a ONG, são o Uruguai, na 21ª colocação, Chile, na 23ª, e Costa Rica, na 40ª. A pior pontuação na região é da Venezuela, na 158ª posição, atrás de países como Cuba, na 56ª, México, na 95ª, e Argentina, na 107ª.

Pelo segundo ano consecutivo, a Dinamarca, com 91 pontos de um total de 100, ocupa o primeiro lugar do ranking, seguida por Finlândia, Suécia, Nova Zelândia, Holanda, Noruega, Suíça, Cingapura, Canadá e Alemanha, que compartilha a décima posição com Luxemburgo e Reino Unido.

No parte de baixo da tabela, com 8 pontos e como os países mais corruptos estão Somália e Coreia do Norte, precedidos por Afeganistão, Sudão, Sudão do Sul, Angola, Líbia, Iraque e Venezuela, que está empatada com Guiné-Bissau e Haiti na 158ª posição.

Os países nas primeiras posições, segundo a ONG, apresentam características comuns, como o alto nível de liberdade de imprensa, o acesso à informação sobre orçamentos que permite que os cidadãos saibam a origem o dinheiro e como o mesmo é gasto, altos níveis de integridade entre os cargos públicos e um Poder Judiciário independente.

Por outro lado, os países nas últimas posições, além de conflitos e guerras, se destacam pela governabilidade deficiente, por instituições públicas frágeis, como a polícia e o Poder Judiciário, e pela falta de independência nos meios de comunicação.

O Índice de 2015 mostra que mais de dois terços dos países apresentam graves problemas de corrupção ao não conseguirem o mínimo de 50 pontos, situação na qual está metade do G20 e todo o grupo dos Brics (Brasil, Rússia, a Índia, China e África do Sul).

Mais de 6 bilhões de pessoas, segundo a organização, vivem em países com alto índice de corrupção.

As regiões pior qualificadas são a África Subsaariana, a Europa Oriental e a Ásia Central, seguidas pelo Oriente Médio e o Norte da África e a América.

Neste último continente, a disparidade é enorme, já que o Canadá, com 83 pontos, ocupa a nona posição da classificação, enquanto Venezuela e Haiti têm apenas 17 pontos.

Na Europa e na Ásia Central, o panorama é de “estagnação”, segundo a ONG, que revelou estar “muito preocupada” com a evolução de países como Hungria, Macedônia, Espanha e Turquia, “onde se vê que a corrupção cresce enquanto diminui a democracia e o espaço da sociedade civil”.

Como exemplos positivos, a ONG destacou o trabalho de grupos e indivíduos em lugares tão diversos como Guatemala, Sri Lanka e Gana, que “trabalharam de forma intensa para expulsar os corruptos e, com isso, enviaram uma mensagem contundente, que deveria inspirar outros a agirem com determinação em 2016”.

RANKING

O ranking da Transparência Internacional é divulgado desde 1995 e e se baseia em dados levantados por 12 instituições internacionais, entre elas o Banco Mundial, o Fórum Econômico Mundial, o banco africano de desenvolvimento e consultorias como a ISH Global Insight, que estuda 203 países.

Para ser incluído no ranking, um país precisa ter sido avaliado por pelo menos três fontes. São analisados, por exemplo, acesso a informação pública, regras de comportamentos de servidores, prestação de contas dos recursos e a eficácia de órgãos. O nível de confiança da pesquisa é de 90%, segundo a ONG.

Uma pontuação baixa significa, segundo a ONG, indícios elevados de propinas, falta de punição e omissão das instituições públicas.

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