01 de novembro de 2021

Argentina, Uruguai e Chile reabrem fronteiras, mas sem número de voos pré-Covid


Após quase dois anos de fortes restrições para a entrada de estrangeiros, ArgentinaUruguai e Chile reabrem, a partir desta segunda-feira (1/11), as fronteiras para o turismo internacional.

Países da região com as medidas mais duras e prolongadas para impedir a entrada de pessoas vindas do exterior desde o avanço dos contágios de Covid-19 na América do Sul, em 2020, esses destinos agora contam, apesar da reabertura, com uma conectividade aérea com o Brasil bem inferior à dos níveis pré-pandemia.

Para o brasileiro José Ricardo Botelho, diretor executivo e CEO da Associação Latino-americana e do Caribe de Transporte Aéreo (Alta), faltou equilíbrio e previsibilidade na definição de medidas relativas às fronteiras. “As decisões saíram das mãos das autoridades de aviação civil – um setor sensível e extremamente especializado, que precisa de previsibilidade – e dos ministérios de infraestrutura, e foram tomadas por autoridades da saúde. Muitas vezes, durante a pandemia, esse balanço entre manter aberto e cuidar dos contágios deixou de existir, colocando a aviação no chão”, explica à CNN.

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Segundo a Alta, a previsão é de que haja um pico na procura por passagens nas duas primeiras semanas de abertura, por pessoas “que tenham assuntos urgentes para atender em outros países”, mas a oferta das frequências é regulada de acordo com a demanda dos passageiros, e a disponibilidade deve aumentar conforme a busca por voos for subindo.

Argentina

A partir desta segunda, a Argentina, que há um mês abriu suas fronteiras aéreas para passageiros de países vizinhos – entre eles o Brasil – com o esquema vacinal completo, passa a permitir a entrada de estrangeiros de qualquer parte do mundo. Além da imunização, para entrar também é necessário seguro viagem com cobertura para Covid-19 e PCR negativo realizado nas 72 horas anteriores à chegada. Os testes de covid em território argentino e a quarentena obrigatória para crianças não vacinadas, obrigatórios até então, já não são exigidos.

Quem procura passagens hoje para o país encontra uma boa frequência de voo e melhores preços, quando comparada com a oferta disponível há algumas semanas. “A situação está melhorando, mas ainda não é a operação normal, com todos os horários anteriores à pandemia”, explica à CNN Felipe Baravalle, diretor executivo da Câmara de Companhias Aéreas da Argentina. Segundo ele, o país ainda mantém um intervalo temporal entre os voos que não havia antes das restrições, a quantidade de aterrissagens que o país recebia antes.

Segundo Baravalle, apesar de todos os países terem perdido conectividade aérea, “na Argentina o fechamento de fronteiras foi mais longo e permanente que em outros países, que tiveram aberturas intermitentes”. “Ainda estamos em um momento muito delicado, com o mercado deprimido”, avalia, explicando que a demanda aumentou, mas o país não chegará ao nível anterior à pandemia no curto prazo.

Desde o começo da pandemia, a Argentina chegou a suspender os voos, inclusive com o Brasil, e estabeleceu cotas de pessoas que podiam entrar diariamente no país, o que não acontece desde meados de outubro. Além disso, a demanda interna por passagens internacionais se vê afetada, segundo ele, pelas tributações de mais de 30% impostas pelo governo de Alberto Fernández, sobre compras de passagens aéreas para outros países e compras com cartão no exterior.

O turista brasileiro que quer visitar o país conta com opções da estatal Aerolíneas Argentinas, que está com dois voos diários entre Buenos Aires e Guarulhos (SP) e três semanais partindo do Aeroporto Internacional do Galeão (RJ) para a capital argentina. A partir de janeiro, os voos entre Rio e Buenos Aires passam a ser diários. Bem superior à disponibilidade que havia há pouco mais de um mês, a oferta ainda dista, no entanto, de quando a estatal operava de 3 a 4 voos diários a São Paulo e de 2 a 3 para o Rio de Janeiro, antes da pandemia.

Em janeiro de 2022, a estatal argentina também retomará frequências entre o Rio de Janeiro e a cidade argentina de Córdoba, mas ainda analisa quando reativará voos entre Buenos Aires e Florianópolis, Salvador, Porto Alegre e Curitiba.

Já a Latam Airlines terá 24 e 26 voos semanais em novembro e dezembro, respectivamente, de Guarulhos a Buenos Aires, quando há dois anos esse número chegava a 35. A frequência entre o aeroporto paulista e Mendoza, no entanto, voltou ao patamar de 2019, com 3 voos semanais pela companhia.

A má notícia para o turista de outros estados brasileiros é que as decolagens semanais do Rio de Janeiro, Salvador e Recife com destino a Buenos Aires não serão retomadas por enquanto pela empresa.

A Gol, por sua vez, só reiniciará operações para a Argentina em 19 de dezembro. As frequências semanais da companhia aérea para a Argentina terão como destino o Aeroparque Jorge Newbery, em Buenos Aires, com um voo diário de Guarulhos (SP), um do Galeão (RJ), e dois semanais de Florianópolis (SC). Ao todo, serão 16 voos semanais partindo de 3 cidades brasileiras rumo ao país vizinho, quando em 2019 eram 76 voos do Brasil para a Argentina, saindo de 10 cidades.

Com uma porcentagem menor do mercado entre Argentina e Brasil, Turkish Airlines, British Airways, Ethiopian e Flybondy também contarão com algumas frequências. Já a Azul ainda não tem previsão de retomada das operações para a Argentina.

Uruguai

Exemplo de avanço na vacinação ao lado do Chile, ambos com mais de 75% da população com o esquema completo de imunização, o Uruguai chegou a proibir a entrada até mesmo de uruguaios em seu território no final do ano passado para impedir a propagação de novas mutações e o agravamento dos contágios. Apesar de aliviar algumas medidas, até o momento o país só tinha liberado a entrada de estrangeiros não residentes que tivessem propriedade no país.

A partir desta segunda, o país permitirá a entrada de qualquer turista internacional com o esquema completo de vacinação, desde que cumprido o prazo de imunização e que tenha sido recebido nos 9 meses anteriores à viagem. Para visitar o país vizinho, será preciso mostrar PCR negativo feito nas 72 horas anteriores ao voo. Já os menores sem imunização completa precisarão realizar um novo teste sete dias depois do primeiro ou fazer quarentena após o desembarque.

Em uma mostra de que entrará na disputa para atrair turistas na reabertura, autoridades uruguaias anunciaram que o país deve oferecer uma dose de reforço da vacina para estrangeiros que ficarem pelo menos 5 dias no país. Até este domingo (31/10), no entanto, a medida ainda não havia sido regulamentada e a previsão é que uma portaria com os detalhes desta aplicação seja publicada durante a semana.

Para Carlos Pera, presidente da Associação Uruguaia de Agências de Viagens, a alta porcentagem da população uruguaia com três doses da vacina contra a covid-19 faz do país um destino “sanitariamente seguro” para os visitantes, e “a conectividade está começando a se atualizar”. “À medida que a demanda for crescendo, a oferta de poltronas aéreas também aumentará”, diz ele, pontuando que o Brasil é o destino de férias “número um” para uruguaios, o que também contribui com a demanda.

Aeroporto internacional de Carrasco, em Montevidéu / Julio Etchart/Construction Photography/Avalon/Getty Images

Para novembro, particularmente, a procura de passagens já está altíssima, devido ao jogo das eliminatórias da Copa do Mundo do Qatar, entre Uruguai e Argentina, em 12/11, a final da Copa Sul-americana entre Athletico Paranaense e Bragantino, em 20/11, e da Copa Libertadores, entre Palmeiras e Flamengo, em 27/11. Todas as partidas serão em Montevidéu.

“Há uma demanda brutal, principalmente do lado brasileiro. É uma loucura a quantidade de gente que virá ao Uruguai nestas datas. Inclusive, já há uma grande quantidade de voos charter [programados]”, ressalta Pera.

Além da via terrestre, o turista brasileiro contará com voos da Gol a partir da próxima quarta (3), com 4 voos semanais de Guarulhos para Montevidéu, que a partir de 15/11 passarão a ser diários – se mantendo em 11 frequências semanais a menos do que no período pré-pandemia.

Já a Latam terá 7 voos semanais para a capital uruguaia, mas ainda não tem previsão de retomada das rotas entre o Rio de Janeiro e Montevidéu e São Paulo e Punta del Este, ficando com 12 frequências semanais a menos do Brasil para o Uruguai em relação às de 2019.

A Azul, por sua vez, terá, a partir de 10 de novembro, 4 frequências semanais de Porto Alegre para Montevidéu, cidade para onde fará voos extras devido à demanda gerada pelos eventos esportivos. A partir de 20 de dezembro, o voo entre o Rio Grande do Sul e Montevidéu passará a ser diário. Nesta data, a empresa também ativará a rota entre Porto Alegre e Punta del Este, com 4 frequências semanais, que serão mantidas até o final de janeiro.

O balneário uruguaio também estará conectado via aérea a Campinas, com voos da Azul com Viracopos duas vezes por semana entre 23 de dezembro e o final de janeiro.

Chile

O Chile elimina nesta segunda a necessidade de quarentena de 5 dias para passageiros provenientes do exterior. A partir de hoje, somente será obrigatório o isolamento no hotel nas horas de espera pelo resultado do PCR realizado na chegada ao aeroporto de Santiago. Estima-se que esta demora possa ser de 4 a 20 horas.

Mas para viajar para o país, é preciso se programar com antecipação: além do PCR negativo realizado não mais de 72 horas antes da viagem, o governo chileno exige uma validação do esquema de vacinação do turista, feito em um site oficial, e essa confirmação pode demorar cerca de um mês. Os estrangeiros também precisarão ter um seguro viagem com cobertura mínima de 30 mil dólares durante a estadia no país.

Para Cristóbal Lea-Plaza, secretário-geral da Associação Chilena de Linhas Aéreas, a quarentena de cinco dias inibia a chegada de turistas, cuja estadia média é de 6 a 8 dias. Após o alívio com o fim da exigência, as companhias aéreas agora pedem uma homologação menos burocrática da vacina, para facilitar a chegada de estrangeiros.

Além disso, o país também enfrenta a diminuição da conectividade aérea pelas restrições do período pandêmico. Entre as medidas do governo de Sebastián Piñera para conter contágios esteve a proibição de saída de chilenos do país sem autorização. Segundo Lea-Plaza, com as dificuldades de sair do país, a conectividade doméstica só recuperou os níveis pré-pandemia devido ao aumento do turismo interno.

Agora, o desafio é voltar às frequências internacionais de antes da pandemia. “À medida que o governo foi liberando as restrições, a demanda dos passageiros foi aumentando e a resposta foi boa. No entanto, a demanda e as frequências ainda estão muito longe dos níveis de antes da pandemia”, esclarece.

De acordo com o representante chileno do setor, no entanto, a disponibilidade de assentos aéreos está aumentando, rotas estão sendo retomadas e algumas, inclusive, surgindo. “A recuperação do tráfego internacional está mais lenta do que a doméstica, mas acreditamos que no final do ano que vem seja possível chegar aos níveis de oferta pré-pandemia”, aposta.

Para chegar ao país em novembro, o brasileiro tem como opção voos entre Foz do Iguaçu e Santiago operados pela Jetsmart e frequências do Rio de Janeiro e de São Paulo para a capital chilena pela Sky Airline, que vai incorporar rotas para Florianópolis em dezembro.

Já a Latam contará com 14 e 18 voos semanais em novembro e dezembro, respectivamente, entre São Paulo e Santiago (antes da pandemia eram mais de 50 voos por semana). A empresa retoma, a partir desta segunda, com 3 voos semanais em novembro e 4 em dezembro, os voos entre o Galeão e Santiago, que antes das restrições eram 18 por semana.

Ainda não há previsão da retomada das rotas da Latam entre Brasília, Florianópolis e Porto Alegre com Santiago. A Gol, por sua vez, ainda não informa quando ou se retomará suas operações com o Chile neste ano.

CNN Brasil

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