24 de maio de 2018

Juíza Virgínia Bezerra é pioneira na implantação da Constelação Familiar no RN


A juíza Virgínia Marques, da 6ª Vara da Família da comarca de Natal, implantou em 2015 um projeto piloto com o objetivo de abreviar a solução dos processos, de forma definitiva e pacífica entre as partes, trazendo benefícios tanto para os Tribunais – a medida que diminui o congestionamento – quanto para as famílias que encontram a melhor forma de sanar seus conflitos.

A técnica , desenvolvida pelo terapeuta alemão Bert Hellinger nos anos 70, foi introduzida no Poder Judiciário através do juiz Sami Storch em sua comarca no estado da Bahia, conferindo-lhe o prêmio “Conciliar é Legal” do Conselho Nacional de Justiça. Atualmente a prática é utilizada em 16 estados e no Distrito Federal e está alinhada à Resolução CNJ n. 125/2010 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), destinada a estimular práticas que proporcionam tratamento adequado dos conflitos, assim como ao novo Código de Processo Civil, que estimula medidas que promovam o apaziguamento entre opostos.

De acordo com Virgínia Marques, a intenção é esclarecer o que há por trás dos conflitos que chegam às varas, que são ditos apenas durante a audiência e omitidos dos processos. Com a técnica, o índice de acordos nas audiências de conciliação subiu de 30% para 70%, segundo a magistrada.

O CNJ afirma que os conflitos levados para uma sessão de constelação, em geral, versam sobre questões de origem familiar, como violência doméstica, endividamento, guarda de filhos, divórcios litigiosos, inventário, adoção e abandono. Um terapeuta especializado comanda a sessão de constelação.

Aqui no estado, apenas a 6ª Vara da Família oferece o uso desta técnica, uma vez que é necessário estudo aprofundado a respeito do tema. A magistrada esclarece que a teoria de Bert Hellinger baseia-se em 3 ordens, que ele intitulou como “Ordens do Amor”:  Pertencimento, Hierarquia e o Equilíbrio entre o Dar e o Receber. Quando essas ordens são violadas, provocam a desarmonia no sistema familiar ou outro tipo de sistema, como o organizacional, por exemplo. O que se busca é saber qual ou quais dessas ordens estão em descompasso.

Uma vez identificado o que estava invisível, toma-se consciência e gera o reconhecimento do seu papel dentro do sistema e a capacidade de assumir responsabilidades, sem culpar o outro ou terceiros. Os problemas, que chamamos de emaranhados, são causados tanto por violação às ordens do amor, bem como pelo fato das pessoas estarem presas a padrões de comportamento que passam de geração em geração, na mesma família.

As Constelações Familiares tem por objetivo descobrir a origem do conflito, que está oculto. As dificuldades vivenciadas pela família geram o emaranhamento pela inversão de papéis, pelo não exercício do seu verdadeiro papel, pela omissão, pela dificuldade em assumir responsabilidades. E essa não identificação do que está invisível, de fato leva as pessoas (partes do processo) a seguirem enredadas (viverem dentro da mesma trama).

As partes que aceitam participar do projeto recebem as instruções durante a audiência, que é conduzida pela juíza com a participação do Constelador e pode ser dramatizada pelos próprios envolvidos, por pessoas escolhidas para representá-los ou por bonecos. Dessa forma é possível identificar questões ocultas, conflitos do passado e buscar a melhor solução.

Confira a entrevista concedida pela magistrada ao Câmara  Repórter para divulgar a ação pioneira de trazer o uso da Constelação Familiar na solução de conflitos clicando no link:

https://www.youtube.com/watch?v=pSVG4F7_2ls

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