23 de março de 2019

Esmarn: curso aborda uso da constelação familiar na resolução de conflitos judiciais


A Escola da Magistratura do Rio Grande do Norte (Esmarn) realizou, nesta quinta e sexita-feira (21 e 22), o curso “Soluções Criativas de Resolução de Conflito a partir do Paradigma Restaurativo e das Constelações Familiares”. A formação aborda temáticas que envolvem dia a dia dos magistrados e servidores, no âmbito da resolução de conflitos, ampliando o conhecimento técnico aplicado ao trabalho. Um dos objetivos é desviar-se, na medida do possível, dos métodos tradicionais da jurisdição.

De acordo com uma das facilitadoras, a juíza Virgínia Bezerra, “a Constelação Familiar é uma terapia breve, idealizada pelo pedagogo e filósofo alemão Bert Hellinger, fundada em três ordens: pertencimento, hierarquia e o equilíbrio entre o dar e o receber”.

A juíza explicou que “o pertencimento é quando o individuo sente que faz parte do sistema familiar, independente da sua condição. A hierarquia é a precedência, ou seja, a ordem na qual o indivíduo chegou à família, a qual precisa ser respeitada, sem existir inversão de papéis. O equilíbrio, o dar e o receber, trata-se de um escalonamento nas trocas, onde na mesma medida que o individuo recebe, ele também precisa dar, evitando a relação credor x devedor”.

Para o magistrado Fábio Ataíde, também facilitador desta formação, há importância no diálogo durante o dia a dia dos magistrados: “A justiça restaurativa é uma ferramenta voltada ao diálogo, tomada de decisão coletiva e resolução de conflito. Portanto, esta é a metodologia perfeita na prática judiciária, tornando-se uma ferramenta de resolução das questões difíceis”.

O juiz acrescentou que o ser humano, de maneira geral, não aprendeu a desenvolver o ouvir, preocupando-se apenas com a fala. Na esfera das práticas judiciais, Fábio Ataíde afirmou que “o judiciário precisa ouvir para ter a ferramenta de decisão e resolução do conflito”.

No decorrer da capacitação foram abordadas técnicas alternativas de mediação, em conformidade com o tema, entre elas o direito sistêmico, o qual trata da integração do saber em um novo nível de consciência, rompendo os métodos antigos.

Repercussão

A participante Neíze Fernandes, magistrada que atua na 2ª Vara de Família de Natal, avaliou a formação como descontraída e ao mesmo tempo interessante e profunda. “Fiquei interessada pelo curso a partir do momento da chamada, primeiro por ser ministrado por colegas, aos quais conheço a competência, e também pelo tema, abordando práticas nas quais eu acredito que devam ser adotadas”, afirmou.

Neíze Fernandes destacou a atuação dos juízes nas unidades jurídicas, sendo exigidos conhecimentos de psicólogos e assistentes sociais, por estarem lidando com questões de família, as quais envolvem sentimento, acrescentando que formação irá somar na prática diária da magistratura.

O juiz Mark Clarck, da Comarca de Jucurutu, disse: “o curso superou expectativas, visto que é importante dedicar mais tempo às pessoas, no sentido de aplicar a Justiça Restaurativa e a Constelação familiar na unidade jurisdicional de trabalho”.

O magistrado acrescentou também ter procurado a formação, motivado pela curiosidade, no intuito de levar os conceitos do tema para a prática jurisdicional, tendo por resultado, decisões mais justas e humanas.

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