13 de janeiro de 2019

Ceará na linha de frente do diálogo do Nordeste com Bolsonaro


Já nos primeiros dias do ano, antes de qualquer formalidade, a sequência de ataques contra ônibus, prédios públicos e privados comandados por facções criminosas no Ceará que se iniciou no último dia 2 levaram os dois chefes de executivo – estadual e federal – à primeira necessidade de diálogo. No dia 3 de janeiro, o governador Camilo Santana (PT) solicitou o apoio do Governo Federal, através do reforço de homens da Força Nacional de Segurança, Exército e Força de Intervenção Integrada (FIPI), para trabalhar em conjunto com os profissionais cearenses na tentativa de solucionar a crise.

A cientista social Monalisa Soares, professora da Universidade Estadual do Ceará (Uece) avalia como madura a postura do chefe de executivo no Estado, do ponto de vista institucional, e criticou a declaração de Jair Bolsonaro. Ao anunciar o envio de tropas, no último dia 4, o presidente da República afirmou que, apesar de o governo local ser de oposição política a ele, ele não faria oposição ao povo. “Ora, ‘apesar’ nada, ele é presidente do Brasil, de todos os estados da federação, de toda a população, não existe apesar. O presidente não pode não contribuir para as populações de qualquer território do País”, lembra.
Paula Vieira, cientista social, avalia que, com o passar do tempo, a articulação política poderá se dar também no legislativo por uma necessidade de consenso, com objetivo de viabilizar políticas públicas. “No legislativo estadual isso deve se repetir porque há muito apoiadores do Governo Federal e isso tende a ser favorável às medidas que ele propuser”, aponta.

Os cearenses escolhidos para cargos nos ministérios são General Theophilo, Mayra Pinheiro e Danilo Forte. Teóphilo chefiará a Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), diretamente subordinada ao Ministério da Justiça e Segurança,. Ex-candidata ao Senado, Mayra assume a Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (STGES), responsável pelo acompanhamento do programa Mais Médicos no País. O deputado federal não reeleito Danilo Forte passa a desempenhar o papel de articulador político para o Nordeste, tarefa que estará dentro das atribuições do Ministério da Casa Civil, cujo titular é Onyx Lorenzoni, do DEM.

Buscando também interlocução, Camilo Santana (PT) criou um cargo específico para facilitar o diálogo entre Ceará e Brasília, conforme foi publicado pelo O POVO no último dia 4. O assessor de assuntos federativos terá status de secretário, mas ficará vinculado à Casa Civil, pasta comandada por Élcio Batista. Ainda não há nome definido para o posto.

“Tudo isso (a articulação) vai depender desse início de ano legislativo, de como vai ficar a negociação política desse Governo Federal, a gente ainda não sabe como vai se dar, o primeiro ano de observação de modus operandi”, conclui Monalisa. (Eduarda Talicy)

Parceria

Em entrevista à Rádio O POVO CBN na sexta-feira, Camilo elogiou a condução de Sérgio Moro, atual Ministro da Justiça e Segurança Pública. “Em primeiro lugar quero aqui registrar todo apoio que tenho tido do Governo Federal”, disse Camilo.

Fonte: O Povo (CE).

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