10 de setembro de 2017

Artigo: Um país à deriva


Ezequiel Ferreira de Souza
Deputado (PSDB) e presidente da Assembleia Legislativa do RN

É inegável, impossível de esconder e até de amenizar, a crise medonha, perigosa e devastadora que o Brasil enfrenta desde há algum tempo.

A pior crise de que sem notícia nos últimos anos.

Talvez a mais grave e a mais dolorosa da nossa história.

Crise política, crise social, crise econômica, crise ética, crise institucional.

O que deixa o país à deriva, à mercê dos acontecimentos, desgovernado, desorientado e desnorteado.

São tantos os problemas, tantas as demandas que exigem providências urgentes, necessárias e imprescindíveis, que não há espaço suficiente para enumerá-los, explica-los, destrinchá-los.

Fico então com quatro questões que para mim representam os principais entraves, os maiores desafios que precisamos vencer para devolver o Brasil aos trilhos, ao desenvolvimento, ao crescimento.

O principal, acho que o mais grave e urgente, é o desemprego. Os dados mais recentes apontam quase 14 milhões de brasileiros sem trabalho, sem ocupação. Vivendo ou sobrevivendo com a ajuda de familiares, o auxílio do governo. Impedidas de construir e de manter as mínimas condições de sobrevivência para si e para os seus, porque foram obrigadas a cruzar os braços diante da falta de oportunidades.

Para mim, uma pessoa desempregada é uma pessoa desesperada. Perde o bom senso, o discernimento, o equilíbrio. E carece, pois, de perspectivas que cabem ao Estado em primeiro lugar e aos empresários em segundo, ou paralelamente, adotar. Investir é o primeiro passo para a reconstrução do futuro. Destravar a economia, permitindo que se façam novos investimentos, que se construam novos caminhos e que se abram novas oportunidades de trabalho e, consequentemente, de sobrevivência e renda. Em resumo, o país tem que voltar a crescer, equilibrar suas contas públicas e aumentar a arrecadação tributária para poder gerar novos empregos e recuperar os perdidos. É uma conta básica, primária, que estamos esquecendo de fazer e precisamos colocar em prática o quanto antes.

O outro grande e grave problema é a crise previdenciária, que se não for contida nos próximos meses pode levar o Brasil a uma insolvência com consequências desastrosas. É uma bomba atômica prestes a explodir, se não for desarmada a tempo. O rombo previdenciário já passou de R$ 150 bilhões e aumenta cerca de R$ 20 bilhões a cada ano, porque a cada ano aumentam as aposentadorias sem que se tenha uma contrapartida para pagá-las. Gastamos em média, para devolver as contribuições pagas e devidas aos trabalhadores que se aposentam, tudo o que se gasta em países mais velhos como a Espanha, a Suíça e a Inglaterra. Isso hoje, agora, imaginem então o que acontecerá nos próximos dez anos – quando o número de brasileiros com idade de aposentadoria se multiplicar por quatro, quem sabe cinco. Há que se feita uma reforma, pois. Não para retirar direitos, mas sim para mantê-los. O que não podemos, não devemos, é fechar os olhos e postergar o problema indefinidamente.

E por fim, um problema que se arrasta há décadas e voltou a bater à nossa porta com força total. É o problema da distribuição desigual de renda entre os brasileiros e da divisão criminosa do país entre pobres e ricos. No mundo inteiro, não se constrói um país justo e uma sociedade feliz onde os recursos públicos, os investimentos estatais, privilegiam uma região em detrimento de outra. Por que o Norte vale menos que o Sul, o Sudeste mais que o Centro-Oeste, o Nordeste continua gritando e clamando por atenção como ocorria há 50, há 100, há 200 anos?

São todos problemas graves, situações que nos deixam em risco permanente. Especialmente agora, hoje, que enfrentamos – repito, reitero – a pior crise da história brasileira.

Um país à deriva, sem perspectiva, não é só um perigo. É um sinal claro, claríssimo, de que nossos governantes precisam repensar o que fazer, como agir, e trabalhar rapidamente para que os resultados impeçam esse desastre em andamento.

 

Artigo publicado na edição deste domingo (10) na Tribuna do Norte.

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